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Marcos Resende Poemas

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As Mãos de Felipe

Felipe Donovan 02.jpg

 
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Erguendo a mão direita, em gesto intempestivo,
Felipe canta um tango e silencia o mundo!
Cantor malabarista, mano a mano vivo,
Felipe é exclusivista; um bardo furibundo!

E pobre do infeliz que, por qualquer motivo,
Intrometer no tango o seu grasnar imundo!:
Felipe, fulminando o incauto patativo,
fuzila-o com a mão, num desdenhar profundo.

E nós que, por destino, somos o auditório,
E temos que escutá-lo — e sempre embevecidos! —
rogamos que ele, ao menos, mude o repertório!

Que sorte não vigorem credos esquecidos
que amputam do culpado o membro vexatório!:
um, perderia a mão! Os outros, os ouvidos!

São Paulo, 1982
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