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Marcos Resende Poemas

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Encontro

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Tirei meu coração do gelo
e procurei, sequioso, o caminho de uma aurora.
Quebrara-se em mim o lirismo balofo
de visualizar em olhos maquiados,
a suavidade de um sol recém-nascente.
Lutei contra todo o desejo de morte
e agarrei-me com este violento apelo de vida
que retumba,
igual clarim,
em meu dínamo de sangue.

Aproximei-me do mar.
Sorvi suas águas,
deixei-as escorrer por minhas ávidas narinas
e segui avante em novas descobertas.

Quantas sensações inéditas
filtram-se por meus nervos de granito
à espera de perfeita integração.

Saí correndo,
descalço, pelo campo verde,
e misturei garganta e pulmões com o vento
num grito prolongado de ressurreição.

Senti-me um homem renascido
e me atirei à terra fofa,
na hora mágica e que céu e terra se unem
em cântico de tolerância.
Provei do sabor místico da terra
untada em saliva.

É o instante supremo em que a vida
se torna imperiosa.
É o alambique das sensações
destilando o fluido vital.
A morte, inútil, foi trucidada
e não é mais que sombra
de fumo esvoaçante.

Tirei meu coração do gelo
e procurei, sequioso, o caminho de uma aurora.

Anjos, ultranjos e superanjos, atenção:
Poli vossas trombetas!
Ruflai vossas asas!
Preparai-vos para vossa cena em meu Apocalipse particular!

São Paulo Abril 1967

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    Marcos Resende