Odes a Cyara 06
Cyara, este é o último poema que me inspiraste:
canção de adeus ― canção de despedida,
canção de um amor-titã que hoje terminou.
Cantei os teus louvores e, se mais pudesse,
de novo os cantaria, foste grande em tudo!
Mas eu, cantor-cigano, sou volúvel, nômade...
E o meu amor-cigarra rompeu-se nos meus cantos.
O nosso amor floriu na verde primavera!
tornou-se, no verão, robusto, gigantesco,
mas, definhou no outono ao cair das folhas.
E hoje, que é inverno, sofro o seu findar;
meu coração é gelo; minha pena, tumba
onde se enterram todas as minhas crenças.
Cyara,
obrigado!
Obrigado por teus olhos, tua boca, por tua alma;
obrigado pelo amor que, enquanto esteve ardente,
foi pelo, imenso, agradável e bom.
E eu, que sendo homem, trago nos meus passos,
erros sem limite, feitos sem pensar,
te peço: ― Perdoa-me!
É um coração fogoso que não sonha muito
e parte a cada ano para um novo amor.
Cantei os teus louvores e, se mais pudesse,
de novo os cantaria, foste grande em tudo!
Mas eu, cantor-cigano, sou volúvel, nômade...
E o meu amor-cigarra rompeu-se nos meus cantos.
São Paulo, 1966
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