Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Marcos Resende Poemas

Marcos Resende Poemas

Segundo Poema das Idas e Vidas

Índice Poema ◦ Índice Geral



Se de onde venho, onde vou,
Indagam-me, no caminho,
Respondo sinceramente:
― Estou vido de um silêncio
De noites que vi em claro,
De instantes, que, intensamente,
Igual ninguém eu vivi.

Suado venho da vida,
De uma batalha regresso.
― Estou vindo de um congresso,
Do rugir numa tribuna.

― Eu venho de uma oficina,
De uma batalha assassina,
Procurando ― que ironia!
Com o trabalho sem descanso
Na vida me defender.

― Eu venho de um sono manso
No colo de uma mulher.
Do repouso numa rede,
De um rosário na parede,
De água fresca e mente calma.
Eu venho com sonhos na alma,
Trago amor no coração,

― Do calor de uma ribalta,
Retorno cansado e rouco;
Da casa onde cantei, louco,
A canção de paz e guerra;
De onde se treme, se vive
E se chora de emoção;
De onde se canta e se ri;
De onde ilude-se a ilusão.

― Chorei ao sentir-me fraco.
Tremi ao rigor do frio.
Andei pelo mundo todo.
Dormi molhado de chuva.
― Cantei, quando assim podia.
E quando não, eu gritei!
Amei, vivi e lutei!
E fiz tudo intensamente!

― Perguntaram-me aonde vou?
Não sei. Eu vou. Isto basta.

― Vou para o alto dos coqueiros,
Vou para todas as festas,
Para o seio das florestas,
Vou pras danças nos terreiros,
Pra junto dos canaviais.
― Vou para a beira das fontes,
Vou para o cume dos montes,
Para o meio dos trigais.

― Vou para todas as terras,
Vou subir todas as serras,
Vou para todo o lugar.
― Vou procurar as crianças,
Vou encher-me de esperanças,
Alegrias, bem-estar.

Vou inspirar os poetas,
Vou ensinar os estetas,
Vou a todos os planetas,
Até ao fundo do mar.
― Farei a terra florir-se,
Farei o universo rir-se.
Farei o mundo cantar!

― Dirão que sou impotente
Pra cobrir a tanta lida.
Mas não; sou a juventude!
Tenho esperança na Vida.

São Paulo, 1966
Índice Poema ◦ Índice Geral

Poemas

  •  
  • Pesquisar

     

    Marcos Resende