Turma do Teatrão
Quem pode dizer, diz, sim;
quem não pode, diz que não.
Falaram hoje pra mim,
da Turma do Teatrão.
O inverno já encheu,
precisamos de verão.
Pirulito bate, bate,
como bate o coração.
Chove chuva chocolate
na arena do Teatrão.
Pepino, nabo e tomate,
vassoura, cera e escovão;
martelo, prego, alicate,
carnaval, Inquisição;
Pelé pediu pra jogar
na Turma do Teatrão.
Meu limão, meu limoeiro,
meu rato de estimação,
morreu Dom Pedro, primeiro;
depois morreu Napoleão.
E assim falou Maomé
no ouvido de Lampeão:
— Venta vento nordestino
nas boates de Milão.
Cada qual tem seu destino
e cinco dedos na mão.
O Rodolfo Valentino
não seria canastrão,
se entrasse, quando menino,
na Turma do Teatrão.
E assim falou Maomé
no ouvido de Lampeão:
— Quem pode dizer, diz sim,
quem não pode, diz que não.
Quem gosta de mim, são vocês
e a Turma do Teatrão.
1969
A Turma do Teatrão existiu em Varginha, MG, de 1969 a 1973, por mim idealizada, e fundada com o entusiasmo e o empenho de Célio Segundo Salles, Michel Pedro Filho, Mauro Teixeira, Márcia Marília Biscaro Moreira, Lúcia Helena de Assis Paiva, Getúlio Mota Neto, Elzinha Mota, Paulo Sérgio de Assís Paiva, Stéfani de Salles, Eny Pereira, Nilson Antônio Ribeiro, Otacílio Misael Correia Pereira e Lucídio Wagner Pires.
Estreou na cidade de Paraguaçu com o espetáculo Showriso de Mulher. Em Varginha, no Theatro Capitólio fez a Criação do Mundo pelo Método Confuso, Teatrão Com Sol de Primavera, Está Faltando Você, todas em criação coletiva. Viajou por inúmeras cidades de Minas com repertório variado, sempre obtendo grande aceitação. Em Boa Esperança, MG, participou e venceu o I Festival de Música, em 1970.
Tínhamos um Patrono de corpo presente, e presença mais do que constante, o cantor, músico e compositor Sílvio Brito, que ainda não havia explodido na mídia e e era o band leader do conjunto Os Apaches. Foi elevado à categoria de Patrono, num gesto de agradecimento de Célio Segundo Salles: Sílvio Brito emprestava seus músicos, aparelhagem de som, levava o elenco em sua kombi às cidades próximas em dia de espetáculo, não cobrava gasolina, assistia todos os nossos espetáculos, aplaudia calorosamente e ainda pagava ingresso para entrar. Como quase tudo neste país, a Turma do Teatrão foi forçada a encerrar suas atividades em 1973 por absoluta falta de recursos financeiros e excesso de cansaço e desânimo. O "repente" em questão, que lembra o Poeta do Absurdo José Limeira fazia parte do espetáculo, dito por todo o elenco feminino.
Era nossa cédula de identidade.